Portrait de Claus Mathieu(Moi) par Lucas Matheus, 7 / 9/ 18 |
Um cinzeiro cheio; uma xícara suja de café frio; uma mesinha de madeira podre banhada de poemas corrosivos na superfície; um gato. A janta que você come agora tem um ovo de mosca na carne e você nem percebe porque não se importa. Espero mesmo que não se importe.
A marca na cama mostra um corpo não-presente na realidade. os veículos correm na rua como bichos soltos de um hospício.
Sem cigarros na carteira. Ela caminhou e minha janela não pegou toda a cena. Infelizmente ela foi embora. Me deixou apenas uma decoração. Era uma decoração agradável antigamente. Meu quarto tinha esse azul tão profundo? Não percebi isso.
Dizem para escrever até na tristeza. Não façam, às vezes só sai merda. Quer dizer, não sei se é tristeza, tédio ou fome. Tanto faz, é a mesma sensação e uma leva à outra. É isso mesmo. José levou um tiro na rua. Eu nem falava mais com ele mesmo.
Esse gato empalhado realmente me deixa pior. Ele não está empalhado, é só que ele fica ali parado e eu não sei se ele está morto ou apenas observando algum pássaro pela janela. Ou poderia ser uma barata saindo da parede? Eu simpatizo mais com as baratas do que com os pássaros. As baratas não querem nos ver e vice-versa. Elas dão alguns vacilos às vezes por se deixarem ser flagradas por meros seres humanos no entanto, por regra, temos que esmagá-las com toda fúria, a mesma fúria de um martelo que um prego quieto na parede, mesmo que seja uma fúria fingida que nem quando você está numa briga com sua namorada(o) mas gostaria mesmo era de estar em cima duma nuvem bebendo com Deus. "Não há diabo, só Deus quando ele está bêbado."
Acho que não estamos trabalhando a sinceridade aqui, eu gostaria mesmo era de estar dormindo mas não consigo, dormir é difícil. Eu prefiro mentir que é minha especialidade, onde minha personalidade foi moldada. Mas também é difícil.
"CALA A BOCA, PORRA!", pensou Claus reagindo a uma criança má-educada que grita na rua, todos os dias, em frente da única janela que tem em seu quarto trancado, na cabeça de algum pobre miserável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário